Billabong Pro Pipeline: um dos maiores campeonatos da história do surf competitivo

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Kelly Slater e Moana Jones Wong são os grandes campeões no Havaí

O que o surf competitivo nos mostrou essa semana em Pipeline é digno de um filme. Elementos de terror (Pipe 15 pés!), superação, heroísmo e até mesmo de um conto de fadas poderiam fazer parte do roteiro. A bancada mais famosa do planeta quebrou em condições épicas na abertura do circuito mundial de 2022 e coroou a havaiana Moana Jones Wong e o americano Kelly Slater como campeões do Billabong Pro.

Kelly Slater, Pipeline. Foto: Tony Heff/World Surf League
Seth Moniz, Pipeline. Foto: Tony Heff/World Surf League

O primeiro dia de evento foi aquele que talvez tenha sido o melhor dia de competição em Pipeline de todos os tempos. Essa foi a opinião de especialistas como os havaianos Shane Dorian e Ross Willians. Ondas sólidas de 10 a 12 pés (com maiores), formavam tubos impressionantes para Pipeline e alguns para Backdoor. Somente a categoria masculina foi pra água e podemos citar como destaques John John Florence (HAV), Jack Robinson (AUS), Seth Moniz (HAV), Barron Mamiya (HAV) e o brasileiro João Chumbinho. Era preciso ter muita atitude para enfrentar as condições do mar e podemos dizer que isso não faltou para ninguém. A diferença foi a técnica nos tubos em ondas pesadas. Daria para garantir que poucos espectadores desse dia não apostariam em John John e Jack Robinson nas finais. Não é de hoje que ambos são apontados como especialistas nessas condições.

Brasileiros: rookies dominam Pipe

Entre os brasileiros, a falta de Gabriel Medina foi muito sentida. O atual campeão mundial certamente brilharia naquelas ondas. De qualquer forma, podemos dizer que fomos muito bem representados e torcemos pela sua recuperação. Miguel e Samuel Pupo, Caio Ibelli e João Chumbinho surfaram demais! A bateria das oitavas entre João e John John foi um confronto que será visto e lembrado por muitos e muitos anos pelos amantes do surf. O havaiano dispensa comentários e já era previsto que faria bonito no seu quintal de casa. Já o irmão mais novo do big rider Lucas Chumbo, estava em seu primeiro campeonato de CT e mostrou muita coragem e técnica, conquistando a maior nota do evento (9,87 com dois juízes dando 10) numa bomba para Pipe. Infelizmente, faltou um segundo high score para que o brasileiro avançasse. Mas, pela sua performance e atitude, dá para dizer que o local de Saquarema/RJ saiu do evento como vencedor.

Miguel Pupo, Pipeline. Foto: WSL/ Brent Bielmann
Caio Ibelli, Pipeline. Foto: WSL/ Brent Bielmann

Samuel Pupo também foi outro rookie que começou muito bem, sendo parado apenas nas quartas para Caio Ibelli. Sua performance começou tímida, mas foi crescendo “assustadoramente” durante as baterias. O próprio Caio também saiu de Pipe como vencedor. Convidado para o evento na vaga de Medina, chegou ao Havaí poucos dias antes da abertura da janela e conseguiu um excelente terceiro lugar, mostrando que o seu lugar é na elite do surf. Miguel Pupo também foi terceiro e começou o ano com sangue nos olhos, muito ativo nas baterias e mostrando seu já conhecido (e lindo) estilo de entubar de frontside.

Joao Chianca, Pipeline. Foto: Tony Heff/World Surf League

Kelly Slater, o maior de todos

Há alguns dias, durante as transmissões comentei entre amigos o quanto seria legal ver Kelly Slater despedir-se do surf competição com uma vitória épica em Pipeline, beirando os 50 anos de idade. Não sou nenhum vidente ou guru, mas a coroa realmente voltou pro rei (não sabemos ainda se ele vai se aposentar). Foi mágico! Aí se escrevia o conto de fadas. E esse pode vir a ser o último capítulo da incrível história do americano no circuito mundial (será?). Seria um filme épico, com final muito emocionante e feliz. Superação, genialidade, heroísmo, criatividade, pioneirismo… tudo isso faz parte do seu reinado. Nem cabe aqui falar dos números do americano (talvez seja tema para um próximo texto) e torna-se redundante dizer que ele é o maior surfista de todos os tempos. A verdade é que ele também pode ser o maior atleta da história…

Kelly Slater, Pipeline. Foto: Tony Heff/World Surf League

Quem acompanha sua carreira, não surpreende-se com suas performances no pico mesmo 30 anos depois do seu primeiro título em Pipeline. Se existe uma onda onde ele sempre entra como favorito é ali (e talvez Teahupoo), mas sua última vitória num evento de CT fora em 2016 (no Tahiti) e é incrível isso voltar a acontecer para um atleta de 49 anos (há poucos dias dos 50). Tudo isso num esporte que vem tendo uma evolução monstruosa ao longo dos anos e uma geração de competidores que certamente já pode ser considerada como uma das mais fortes da história.

Kelly Slater chegou lá mais uma vez. Entubando muito tanto pra Pipe como pra Backdoor e eliminando nomes como Barron Mamiya, Kanoa Igarashi, Miguel Pupo e Seth Moniz, o algoz de John John Florence e também sempre destaque na Rainha do North Shore.

Feminino

O evento feminino também foi muito marcante. O fato de ser o primeiro campeonato do CT que elas disputam em Pipeline já é um marco. Mas as performances das meninas também foi digna de elogios.

Tatiana Weston-Webb, Backdoor. Foto: Tony Heff/World Surf League

A brasileira Tati Weston-Webb, sempre com muita atitude, entrou como uma das favoritas, mas infelizmente pegou a havaiana Moana Jones Wong (que era o nome a ser batido) nas oitavas e não conseguiu avançar. Carissa Moore, Tyler Wright e Lakey Peterson fizeram bonito com ótimos tubos, principalmente para Backdoor.

Moana Jones Wong, Pipeline. Foto: WSL/ Brent Bielmann

Moana, que é local do pico, foi o grande destaque do início ao fim do evento. Seus drops e tubos para Pipe foram impressionantes e garantiram para a havaiana o título do evento numa final contra a também havaiana e atual campeã mundial Carissa Moore.

Sunset

O circuito mundial segue no Havaí, com o Hurley Pro em Sunset Beach que deve começar no dia 11 de fevereiro. Nos vemos lá! Aloha!

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