Duas finais Brasil x Estados Unidos decidiram os títulos do MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl na segunda-feira em Supertubos.
Tatiana Weston-Webb conseguiu a vitória contra Lakey Peterson, depois de passar pela pentacampeã mundial Carissa Moore. Já Filipe Toledo ganhou a semifinal brasileira com Italo Ferreira, mas perdeu por 0,14 de diferença para Griffin Colapinto, que venceu sua primeira final em etapas do World Surf League Championship Tour. A próxima é o Rip Curl Pro Bells Beach, nos dias 10 a 20 de abril na Austrália.
Curiosamente, as outras duas vitórias da carreira da Tatiana no CT, foram conquistadas em uma dobradinha brasileira com Filipe no pódio. Foi assim no ano passado, quando ganharam o Boost Mobile Margaret River Pro na Austrália e no US Open of Surfing de 2016, na Califórnia. Filipe tentava seu segundo título na etapa portuguesa, pois em 2015, venceu o show de aéreos na decisão brasileira com Italo Ferreira. A dupla Filipe e Tatiana, também foi vice-campeã mundial de 2021 e agora assumiram o mesmo quarto lugar no grupo dos top-5 dos rankings com estes resultados. Tatiana saltou da 14.a posição com a vitória e Filipe estava na sétima.
“Estou muito grata. Deus tem um plano para tudo e acredito nisso, sempre”, disse Tatiana Weston-Webb. “Foi uma final emocionante, com várias trocas na liderança a cada onda. Eu me senti em sintonia com as ondas, mas o mar estava congelante. Foi a primeira vez que eu usei roupa de borracha com manga curta aqui e meus braços estavam queimando de tanto frio”.
Filipe Toledo queria o bicampeonato em Portugal, mas estava feliz por voltar ao pódio: “É muito bom estar aqui em Portugal de novo. É um lugar que me sinto bem confortável, as pessoas são muito acolhedoras e sempre tenho bons resultados aqui. O evento inteiro foi de muito surfe e me diverti bastante. Deu altas ondas e estou feliz em estar no pódio novamente. Parabéns para a Tatiana, para a Lakey, para o Griffin pela vitória e estou pronto para a Austrália”.
PRIMEIRA DECISÃO – O último dia foi iniciado logo ao amanhecer, para aproveitar as melhores condições do mar. Lakey Peterson derrotou a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore na primeira bateria e Tatiana Weston-Webb passou pela pentacampeã Carissa Moore na segunda. As semifinais masculinas foram realizadas em seguida e o título feminino foi o primeiro a ser decidido no MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl.
A disputa começou nas esquerdas de Supertubos, com a camisa 9 da seleção brasileira, Tatiana Weston-Webb, largando na frente com nota 7,33 na segunda onda, finalizada com uma manobra explosiva na junção, que arrancou aplausos da torcida. Depois de duas ondas fracas, Lakey Peterson acha uma esquerda boa também e entra na briga com nota 6,17. A brasileira soma um 4,67, enquanto a americana verticaliza as manobras de backside na onda de trás, para ganhar 7,10 e assumir a ponta.
Lakey pega outra onda boa para fazer uma combinação de duas pancadas muito fortes que valem 7,17. Tatiana passa a precisar de 6,94 para vencer e chega perto na primeira tentativa, mas o 6,10 recebido é insuficiente. Depois, consegue combinar duas manobras potentes de frontside e vira o placar com nota 8,00, abre 8,16 pontos de vantagem nos 10 minutos finais Lakey não consegue isso e Tatiana Weston-Webb vence por 15,33 a 14,17 pontos. Ela festeja sua terceira vitória no CT e salta da 14.a para a quarta posição no ranking das três etapas completadas em Portugal.
No pódio, Tatiana agradeceu o apoio do público, que encheu a praia na manhã da segunda-feira, com a maioria torcendo para a brasileira: “Foi muito legal e vocês foram incríveis. Eu amo Portugal, aqui é um dos meus lugares favoritos no mundo. Eu sofri uma lesão em Sunset Beach e achei que não ia conseguir competir aqui, mas me recuperei e a final com a Lakey foi muito legal. Ela é uma guerreira, um monstro na água, com um surfe letal de backside, então tive que dar meu máximo e fazer o meu melhor pra poder ganhar”.
FINAL MASCULINA – Filipe Toledo abraçou a campeã Tatiana Weston-Webb na areia, antes de entrar no mar para tentar o bicampeonato em Portugal. Ele e Griffin Colapinto moram em San Clemente, na Califórnia. O americano pega a primeira onda nas direitas e já voa num aéreo nose pick de frontside, que vale 4,67. Filipe começa nas esquerdas, só acertando a primeira manobra e errando a segunda. Na terceira onda, consegue atacar forte três vezes de backside e ganha 6,67. Logo, repete a dose com uma série de três manobras que valem 5,50.
Griffin entra no jogo, mostrando a potência do seu backside com três marretadas muito fortes numa esquerda boa, para assumir a ponta com 7,67. Filipe fica precisando de 5,68 para vencer nos 10 minutos finais e faz uma combinação de três ataques explosivos, retomando a liderança com nota 7,53. Mas, Griffin vem na de trás, que é maior e rende duas manobras potentes para ganhar 6,67 e abrir 6,82 pontos de vantagem sobre o brasileiro nos últimos 5 minutos. Sem rampas para voar, o máximo que Filipe conseguiu foi 5,90 e Griffin Colapinto festejou a primeira vitória da sua carreira, por uma pequena vantagem de 14,34 a 14,20 pontos.
PRIMEIRA NOTA 10 – No domingo, Griffin Colapinto conseguiu a primeira nota 10 da temporada no WSL Championship Tour, com um aéreo incrível de backside nas esquerdas de Supertubos, muito alto e com grande amplitude. O feito aconteceu no duelo com o amigo Kolohe Andino pelas quartas de final. Na segunda-feira, ele também acertou os aéreos e manobrou forte para despachar o bicampeão mundial John John Florence nas semifinais. E, com os 10.000 pontos da vitória no MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl, ganhou vinte posições no ranking, saltando do 27.o para o sétimo lugar.
Agora, está no grupo dos 22 primeiros colocados, que seguirão disputando o WSL Championship Tour na segunda metade da temporada, já com as vagas confirmadas para a elite de 2023. Essa lista será definida nas duas etapas da Austrália, o Rip Curl Pro Bells Beach de 10 a 20 de abril e o Margaret River Pro do dia 24 a 4 de maio. O vice-campeão em Portugal, Filipe Toledo, decidiu os últimos títulos destes dois eventos. Perdeu o de Bells Beach para John John Florence em 2019, mas ganhou o de Margaret River contra Jordy Smith.
SEMIFINAL BRASILEIRA – Filipe Toledo não conseguiu a 11.a vitória na sua 15.a final disputada em etapas do CT, mas subiu no primeiro pódio esse ano, depois de ganhar a reedição da decisão brasileira de 2015 nas ondas de Supertubos. Ele e Italo Ferreira tentaram repetir o show de aéreos daquela final, com Filipe garantindo a terceira vitória da sua carreira com uma nota 10. Dessa vez, as ondas não estavam tão boas para isso e eles mais caíram do que completaram as manobras, nas condições difíceis do mar na segunda-feira.
Italo tentava um tricampeonato consecutivo no MEO Pro Portugal, pois tinha vencido as duas últimas edições, em 2018 e 2019. Ele começou muito bem a semifinal brasileira, voando alto num aéreo full rotation, completando a onda com mais duas manobras, para ganhar a maior nota do último dia, 8,83. Só que não conseguiu nada melhor do um 3,83 depois, enquanto Filipe somou 7,50 do seu melhor aéreo, com 6,17 das manobras em outra onda, para vencer a primeira vaga para a grande final por 13,67 a 12,66 pontos.
JAPÃO NO TOPO – Com a classificação, Filipe já assumiu o quarto lugar no ranking, tirando Caio Ibelli do seleto grupo dos top-5, que no final do ano vai disputar o título mundial no Rip Curl WSL Finals em Trestles, na Califórnia. Caio agora é o sexto colocado e, pela primeira vez na história, o ranking da World Surf League é liderado pelo Japão, por Kanoa Igarashi. O ex-líder, Barron Mamiya, passou a dividir a segunda posição com Kelly Slater, Filipe Toledo está na quarta e Seth Moniz caiu do segundo para o quinto lugar.
Com a terceira colocação no MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl, o campeão olímpico Italo Ferreira subiu da 16.a para a décima posição. Miguel Pupo desceu da nona para a 11.a e seu irmão, Samuel, é o outro brasileiro na lista dos 22 primeiros colocados no ranking, que seguirão disputando o CT na segunda metade da temporada. Samuel Pupo ocupa o 18.o lugar, empatado com o peruano Lucca Mesinas, que também está dentro do G-22.
Outros cinco integrantes da seleção brasileira desse ano, terão que tentar entrar neste grupo que já garante vaga no CT 2023, nas duas etapas da Austrália. João Chianca é quem está mais próximo, em 23.o lugar. Deivid Silva e Jadson André dividem a 27.a posição, enquanto o tricampeão mundial Gabriel Medina e o contundido Yago Dora, não competiram esse ano e só aparecem na 39.a colocação.
Texto: WSL Latin America